2 de abril de 2024 by Monkey Money App
Construção nos EUA vs no Brasil: por que é diferente?
Já notou como o mercado da construção nos EUA desempenha um papel fundamental na economia americana? E o ramo é diretamente influenciado por fatores geográficos, culturais, climáticos e regulatórios, apresentando várias diferenças em relação ao Brasil.
Os EUA é um país muito grande, com diversidade de climas e condições, e os profissionais da construção acabam considerando uma série de elementos ao planejar e executar os projetos. Os aspectos culturais, por exemplo, influenciam a escolha dos estilos arquitetônicos, as técnicas e os ambientes construídos.
É por isso que convidei Luiz Antônio Oliveira Rosa, Arquiteto Urbanista e Diretor de um escritório especializado no mercado imobiliário, que atende projetos para grandes construtoras e incorporadoras no Brasil e nos Estados Unidos, para falar mais sobre a atual realidade da construção nos EUA comparando com a do Brasil. Vem comigo conferir!
A importância do setor de construção civil nos Estados Unidos
Normalmente, o setor da construção civil é o que mais tem a capacidade de acelerar e diminuir com velocidade. Luiz Antônio destaca uma série de fatores que fazem o segmento adquirir destaque na economia, como:
- geração de empregos: a construção civil emprega uma grande variedade de profissionais, como operários, pedreiros, engenheiros civis e arquitetos, desempenhando um papel essencial na criação e manutenção de empregos em todo o país;
- crescimento econômico: os projetos de construção, como novas edificações residenciais e comerciais, estradas, pontes e infraestrutura em geral, contribuem para o desenvolvimento econômico, gerando investimentos e oportunidades para outras indústrias;
- investimentos em infraestrutura: os EUA têm um constante programa de investimentos para melhorar estradas, pontes, aeroportos e outras instalações públicas, impulsionando a demanda por serviços e materiais de construção;
- habitação: a procura por novas residências, prédios de apartamentos e propriedades comerciais contribui para a saúde contínua do mercado imobiliário;
- inovação e tecnologia: a introdução de novas práticas de construção sustentável e métodos eficientes é uma tendência crescente no país;
- impacto na indústria de materiais: a construção civil impulsiona a produção e a venda de materiais, como cimento, aço, madeira, vidro e muitos outros, criando uma cadeia produtiva extensa.
Diferenças entre a construção nos EUA e Brasil
As diferenças entre a construção civil nos EUA e no Brasil são influenciadas por uma variedade de fatores, como aspectos culturais, climáticos, regulatórios e econômicos específicos de cada país.
Os EUA têm códigos de construção e regulamentações rigorosos, estabelecidos em níveis federal, estadual e local. Além disso, devido à autonomia dos estados, cada um deles pode ter suas próprias normas adicionais. O cumprimento de tais regras é muito bem fiscalizado, como conta Luiz Antônio:
“Durante e após a conclusão do projeto, inspeções são realizadas para garantir que as construções atendam aos padrões estabelecidos pelos códigos de construção e outras regulamentações. Falhas podem resultar em exigências de correção antes da ocupação ou utilização plena do edifício”.
Já no Brasil, há regulamentações federais, mas também existe uma variação considerável nas leis estaduais e municipais. A fiscalização pode ser menos rigorosa em algumas áreas, sendo que a implementação dos códigos pode variar.
Existem outras diferenças significativas que impactam a maneira como o setor de construção civil funciona em ambos os países. Confira a seguir!
Materiais de construção
Nos EUA, a madeira é o material mais utilizado, especialmente em projetos residenciais. A variedade de espécies disponíveis oferece muitas opções para diferentes aplicações. O aço, drywall e materiais sintéticos, como plásticos reforçados com fibra de vidro, também são amplamente empregados.
No Brasil, o concreto é um dos materiais mais utilizados, devido à resistência e versatilidade. Os tijolos cerâmicos são empregados em paredes de residências e edifícios comerciais, mas o aço também tem seu lugar. O arquiteto explica:
“Embora menos comum do que nos EUA, o aço é utilizado [no Brasil] em estruturas metálicas, especialmente em edifícios industriais e comerciais. Estruturas de aço pré-fabricadas também são utilizadas em algumas construções. Telhas de barro são frequentemente utilizadas em coberturas no Brasil, o que não aconteceu nos EUA. Além de oferecerem proteção contra as intempéries, contribuem para a estética arquitetônica, especialmente em projetos residenciais”.
Mão de obra
A segurança do trabalho é uma preocupação central nos EUA. Há empresas que contratam empreiteiros especializados para realizar determinadas tarefas, como instalação elétrica, encanamento, entre outras. Os profissionais precisam ter certificações específicas ou licenças para realizar determinados serviços.
A mão de obra imigrante é bastante comum, e muitos profissionais são de diferentes partes do mundo. Já no Brasil, existem leis específicas que as construtoras devem seguir para prevenir acidentes e garantir a segurança dos trabalhadores contratados.
Clima e isolamento térmico
Os fatores geográficos e climáticos nos EUA influenciam as características do setor de construção. Em geral, as construtoras consideram uma variedade de elementos ao planejar e executar os projetos, como riscos naturais, altitude, topografia, disponibilidade de recursos naturais e muito mais. Luiz Antônio compartilha:
“Em algumas regiões mais quentes ou mais frias, a eficiência energética é uma consideração crucial. Isolamento adequado, janelas eficientes e práticas de construção sustentável são mais enfatizadas em climas extremos”.
A arquitetura no Brasil muitas vezes incorpora influências regionais e climáticas. Por isso, os métodos construtivos tradicionais podem ser a escolha da vez em algumas regiões. Devido ao clima predominantemente tropical, os materiais e as técnicas utilizadas são mais resistentes a climas quentes e secos.
Resistência a desastres naturais
Regiões costeiras dos EUA, como o Golfo do México e a Costa Leste, enfrentam o risco de furacões e tempestades tropicais. Outras regiões, como o Centro-Oeste e as Grandes Planícies, experimentam frequentes tornados e terremotos.
Então, nos EUA, as normas de construção são rigorosas para garantir a resistência a ventos, inundações e também possíveis incêndios, de acordo com o especialista:
“Os códigos de construção nesses locais frequentemente incluem requisitos para construção de abrigos contra tornados em edifícios públicos e residenciais. Particularmente na costa oeste, incêndios florestais são uma preocupação significativa. Isso afeta a escolha de materiais de construção e práticas para tornar as construções mais resistentes ao fogo”.
Já lá no Brasil, a preocupação central das construções são os deslizamentos de terra e as inundações, especialmente em períodos chuvosos intensos.
Ambos os países incorporam requisitos de construção específicos em áreas propensas a desastres naturais.
Arquitetura e segurança
Os EUA têm uma arquitetura diversificada devido à sua história de imigração e choque cultural, assim, os estilos podem variar significativamente de uma região para outra, incluindo desde casas coloniais com porões até arranha-céus modernos.
Também existem normas rigorosas que abordam questões de segurança estrutural e ambientais, como conta nosso especialista:
“Regulamentações ambientais abrangem aspectos como preservação de habitats naturais, controle da poluição da água e do ar, gestão de resíduos e práticas construtivas sustentáveis. Construtores devem seguir diretrizes específicas para minimizar o impacto ambiental de seus projetos”.
Com relação ao tamanho das casas, você já deve ter notado que costumam ser bem grandes, não é? Luiz Antônio explica:
“A cultura americana muitas vezes valoriza o espaço e a privacidade. Isso se reflete no tamanho das residências, que tendem a ser maiores em comparação com muitos outros países. A preferência por casas espaçosas influencia o mercado imobiliário e a demanda por certos tipos de construção”.
A arquitetura brasileira é igualmente influenciada por sua história e cultura diversificada. O colonialismo, as influências indígenas e africanas contribuíram para a construção de uma rica tradição arquitetônica que varia em cada região. A segurança nas edificações inclui normas específicas em cada estado do país.
Cercas e muros
Nos EUA, a variação nas taxas de criminalidade é grande entre diferentes áreas urbanas e suburbanas, principalmente dependendo do estado e da região. Em muitas comunidades suburbanas e rurais foram desenvolvidas com um planejamento urbano que enfatiza a sensação de comunidade e vizinhança. Isso pode incluir a ausência de cercas para criar uma aparência mais aberta e amigável.
Em algumas áreas urbanas do Brasil, a segurança pública pode ser uma preocupação significativa devido a taxas de criminalidade mais altas. Isso leva muitos brasileiros a optarem por medidas adicionais de segurança, como muros altos, cercas e a preferência por condomínios fechados.
Valores
Os salários na construção civil nos EUA são considerados competitivos. A demanda por trabalhadores qualificados, especialmente em períodos de crescimento econômico na construção, pode resultar em salários mais elevados. A remuneração pode variar consideravelmente de uma região para outra nos EUA.
Os salários no Brasil variam dependendo da região, do nível de especialização e da demanda local por mão de obra. Grandes centros urbanos oferecem salários mais altos em comparação com as áreas rurais. Isso porque o custo de vida no país é geralmente mais baixo do que em muitas partes dos EUA, influenciando os salários.
Deu para perceber que existem diferenças fundamentais na construção nos EUA e Brasil. Fatores históricos, culturais, climáticos e regulatórios afetam diretamente o setor em cada país. Mesmo assim, o mercado imobiliário interage continuamente com as necessidades dos consumidores, evoluindo ao longo do tempo.
Aproveite a visita e leia o artigo sobre choque cultural para entender as principais diferenças entre os Estados Unidos e o Brasil!
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