Casas de concreto vs. casas de madeira: entenda essa diferença cultural - Monkey Money

Blog

blank

Casas de concreto vs. casas de madeira: entenda essa diferença cultural

Caso você seja um imigrante que viveu boa parte da vida no Brasil antes de vir para os EUA, deve ter tomado um susto quando notou que as casas americanas não eram de alvenaria. Se você viveu pouco tempo na América do Sul, provavelmente estranha as fotos de casas brasileiras. Nesse duelo “casas de concreto x casas de madeira”, quem vence?

Bom, as razões para que cada modelo seja adotado em cada país não são aleatórias. Têm a ver com tradição, praticidade e condições climáticas. Neste post, vou te guiar pela história de cada modelo, as vantagens, desvantagens, impactos ambientais e outros fatores. Let’s go! Bora lá!

Tradições construtivas e históricas

Por que as casas americanas e outros imóveis são construídos com madeira? Bom, é uma questão histórica e prática.

EUA

Quando os colonizadores europeus chegaram aos Estados Unidos, optaram por construir muitas casas e edifícios comerciais com esse material simplesmente porque havia muita madeira disponível!

Além disso, muitos colonos escolheram a madeira como material de construção porque as estruturas podem ser construídas mais rapidamente do que com tijolo ou cimento. Desse modo, eles se estabeleceriam mais rapidamente ali na nova região que escolheram para morar.

Brasil

Já no Brasil, o concreto e a alvenaria mandam. Uma curiosidade que explica isso: a estrutura de madeira contribui para manter o calor dentro. Nos Estados Unidos, isso é muito importante, já que as temperaturas são (em média) mais baixas.

No Brasil, rola justamente o contrário, a alvenaria mantém o calor fora — afinal, nesse país as temperaturas são bem mais altas, em média. Além do mais, os construtores do Brasil já estão habituados aos projetos com concreto.

Clima e geografia

Ok, mas por que os americanos amam uma casa de madeira até hoje? É só porque o visual é bonito e aparece nos filmes? Não! Muito além das questões históricas e de disponibilidade, há outros motivos, relacionados ao clima, à geografia e à segurança dos habitantes.

Wood frame: a escolha americana

Primeiro, esse estilo tem um nome: wood frame (forma ou estrutura de madeira). Como a essa altura você já sabe, os Estados Unidos são um país em que a temperatura varia bastante, até dentro da mesma cidade.

Por conta dessa característica, é preciso algumas condições especiais para que os moradores não congelem e peguem fogo no mesmo ano.

Isolante térmico

Entra em cena o modelo wood frame. Afinal, a madeira é um ótimo isolante térmico, o que já é uma mão na roda para enfrentar aquele clima frio que rola durante boa parte do ano. Do mesmo modo, durante o verão, a casa não vira um daqueles churrascos coletivos que rolam no Texas.

Mais resistência à intempéries

Outro ponto a ser levado em consideração é a quantidade de intempéries que rola. Não me refiro apenas às chuvas, mas aos tornados, enchentes e terremotos. Nem todos acontecem na mesma região, mas todos rolam dentro dos EUA, em um momento ou outro.

Para lidar com isso, a construção em madeira garante alguns benefícios e segurança nesses cenários. Posso citar:

  • em caso de terremoto, a madeira costuma ser mais segura, uma vez que ela tem mais flexibilidade que outros materiais, como o concreto. Isso dificulta o desabamento;
  • em caso de tornado, a mesma flexibilidade também ajuda, evitando que a casa vá, literalmente, para o meio do turbilhão;
  • em caso de enchente, as casas de madeira podem ser, simplesmente, transportadas para um local mais seguro!

Esses são alguns dos motivos que fazem o wood frame ser tão difícil de largar, mesmo com alguns problemas ambientais — vou falar deles daqui a pouco!

Alvenaria: a escolha brasileira

No Brasil, a alvenaria é amplamente utilizada na construção de casas, e essa escolha é influenciada por vários fatores.

Clima tropical e subtropical

Grande parte do Brasil tem clima tropical ou subtropical. A alvenaria, especialmente a construção com tijolos de cerâmica ou blocos de concreto, oferece uma boa capacidade de isolamento térmico, ajudando a manter as casas frescas durante o calor e proporcionando conforto térmico.

Durabilidade

A alvenaria é resistente a diversas condições climáticas presentes no Brasil. Embora furacão, tornado e terremotos não façam parte do cotidiano do país, estamos falando de situações como chuvas intensas, umidade e calor elevado.

Casas de alvenaria tendem a ter uma longa vida útil e requerem menos manutenção em comparação com algumas outras formas de construção.

Recursos naturais

O Brasil é rico em argila, que é uma matéria-prima essencial para a produção de tijolos de cerâmica.

A disponibilidade desse recurso influencia a escolha da alvenaria como método de construção predominante.

Proteção contra pragas

A alvenaria oferece uma barreira sólida contra pragas, como térmitas, que podem ser um problema em algumas regiões do Brasil.

Estilos arquitetônicos

O estilo arquitetônico predominante nos EUA é o colonial. O nome desse modelo de arquitetura carrega a influência cultural dos primeiros europeus que se estabeleceram nos Estados Unidos, no século XVII (ou seja, de 1600 para frente).

Essas construções refletem as muitas tradições de construção dos colonos europeus. Eles incluem, entre outros estilos, Colonial Holandês, Colonial Francês, Colonial Alemão, Colonial Espanhol e Colonial da Nova Inglaterra.

Algumas das características desse estilo são as seguintes:

  • design simples e tradicional;
  • exteriores simples, com enfeites mínimos;
  • construída em madeira (principalmente), tijolo ou pedra, conforme a região e época;
  • formato retangular e preocupação com a simetria das formas para deixar tudo bem equilibrado, em termos de tamanho;
  • porta central;
  • apresenta colunas de entrada frontal simétricas;
  • utilização de janelas de guilhotina dupla (double sash windows);
  • geralmente utiliza cores neutras suaves;
  • espaços de convívio no térreo, enquanto o andar (ou andares) superior é utilizado para os quartos.

Outros estilos americanos

Apesar de o colonial ser o mais comum, também há outros como o vitoriano e o Cape Cod, que faz referência a um dos principais destinos de férias dos americanos de todas as idades.

CTA animado para experiência ION

De modo bem resumido, uma casa Cape Cod é uma construção pequena, retangular e sem muitos adornos, de um a um andar e meio, com frontões laterais e um telhado inclinado para evitar que a neve se acumule. Uma chaminé central e tetos baixos ajudavam a manter a casa aquecida.

Estilo arquitetônico brasileiro

Já o estilo arquitetônico das casas residenciais do Brasil é mais eclético. Desde as construções coloniais portuguesas até as influências indígenas e africanas, cada grupo deixou sua marca no tecido arquitetônico do país.

No século XX, com a modernização e urbanização do Brasil, surgiram novos estilos arquitetônicos, muitos dos quais foram influenciados por movimentos internacionais, mas adaptados ao contexto brasileiro.

Aquelas casas no meio do terreno, que dão direto para a rua, sem muros, não são tão comuns no país. Em muitas cidades brasileiras, as casas são construídas mais para dentro do lote, muitas vezes cercadas por muros.

Além disso, o sistema construtivo utilizado no Brasil não é a madeira, mas a alvenaria. Trata-se de uma mistura de pilares e vigas de concreto, completadas com paredes de tijolo e cerâmica.

Por fim, no século XX, o Brasil se tornou um epicentro da arquitetura modernista. Arquitetos como Oscar Niemeyer e Lúcio Costa trouxeram inovações que combinavam formas modernas com características brasileiras.

Sustentabilidade e materiais

O hábito americano de extrair madeiras da floresta, mais antigo do que comer peru no Thanksgiving Day, não vai acabar tão cedo. Afinal, como vimos anteriormente, há diversos benefícios para que as casas de madeira continuem existindo.

No entanto, já há um bocado de pessoas coçando as cabeças e fazendo interrogação com esse hábito, uma vez que ele tem um preço ambiental elevado para toda a população.

Madeira em números

De acordo com a versão americana do Diario AS, jornal espanhol, especialistas em floresta estimam que, em 1630, cerca de metade de toda a área dos EUA era de floresta — isso dava uns mil milhões de acres, mais ou menos. Já em 1910, essa marca caiu para aproximadamente 721 milhões de acres.

Esse desmatamento generalizado levou, por exemplo, à extinção de muitos animais, além das consequências a longo prazo. No século XX, o desmatamento e a degradação dos ecossistemas motivaram muitos ambientalistas a apelar ao governo para exercer mais controle sobre o setor madeireiro.

No entanto, os Estados Unidos continuam a ser um interveniente significativo no mercado global de madeira, ocupando o primeiro lugar na lista dos países com os maiores volumes de colheita anual.

Além disso, há a questão dos incêndios. A revista Time chegou mesmo a fazer uma reportagem com o nome “Why Is the U.S. Still Building Homes With Wood? (Por que os Estados Unidos ainda estão construindo casas com madeira?).

Madeira: o material preferido do americanos

A reportagem menciona que, com base em dados de 2019, 90% das casas construídas ainda tinham estrutura de madeira, de acordo com a Associação Nacional de Construtores de Casas.

Embora os cientistas enfatizem a importância das árvores na captura de carbono e no abrandamento das alterações climáticas, os EUA utilizam mais produtos florestais do que qualquer outro país.

O uso da madeira não é apenas para construção de casas, mas também para o mobiliário, pavimentos e papel. É como se a madeira fosse um componente histórico do folclore americano, menciona a repórter — e é. Um dos modelos econômicos que têm se destacado é o do aço reciclado, mas nem todo mundo tem dinheiro para pagar um projeto desses.

Vale lembrar que o concreto, tão importante no Brasil, também não é nenhum santo nessa história. No processo de produção, as fábricas do material emitem muito dióxido de carbono, o que polui muito o ambiente.

Custos e disponibilidade

Mais um fato curioso que liga os Estados Unidos ao Brasil: embora grande parte da exploração madeireira ocorra hoje em países em desenvolvimento como o Brasil, para dar lugar a terrenos para a agricultura, são os EUA que extraem o maior volume de árvores do mundo, cortando milhões anualmente e em ciclos de colheita cada vez menores.

Como você já deve ter percebido até aqui no texto, as casas de madeira custam menos. Não estou falando apenas do preço da wood em si, mas a mão de obra e os materiais para terminar uma residência desse tipo são menores.

E, por mais que os EUA tenham derrubado grande parte das árvores do seu solo, ainda há madeira para dar, vender, trocar ou alugar. Contudo, algumas complicações têm surgido.

Busca por outros materiais

Na reportagem da Time que citei anteriormente, por exemplo, um americano cita que algumas empresas de seguro recusaram cobrir a sua casa por conta da vulnerabilidade desse material em relação aos incêndios que ocorrem de maneira rotineira na América. Assim, esse cidadão (e provavelmente outras pessoas também) estão buscando materiais não inflamáveis para construir.

Além disso, o sul dos Estados Unidos também está passando por mudanças significativas. De acordo com a mesma reportagem, o número de casas com estrutura de concreto, construídas de 2018 a 2019, cresceu 46%, conforme informações da Associação Nacional de Construtores de Casas.

Virada no roteiro

As casas com estrutura de concreto (olha o plot twist, a virada no roteiro!) têm agora o dobro da quota de mercado em relação ao mesmo período de 2009, quando representavam apenas 5% do mercado.

Um outro personagem da matéria, um construtor do norte da California, foi abordado por algumas vinícolas que tiveram seu seguro contra incêndio revogado e estão procurando alternativas à madeira.

Por isso, tanto os construtores de residências como de espaços comerciais já estão buscando alternativas à madeira — que ainda vai durar um bom tempo, por sua praticidade. Casas que utilizam o aço como material principal também estão se tornando tendência.

E aí: casas de concreto x casas de madeira, quem vence? Como você viu, os dois modelos têm as suas vantagens e desvantagens, principalmente em termos de impacto ambiental. Contudo, a praticidade, os custos mais baixos e a tradição garantem que essas estruturas não vão morrer tão cedo, embora muitos americanos e imigrantes que vivem no país estejam buscando alternativas. Converse com seu engenheiro!

Está procurando trabalho nos EUA? Aproveite a visita ao blog e saiba mais sobre empregos para brasileiros nos Estados Unidos!

Calcule e descubra como organizar seus gastos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

blank

Quer receber as minhas últimas novidades?




Categorias